quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fingir acreditar

Sim. Queria ser ela.
Queria mesmo.
Porque ela não sabe.
A ignorância é pacífica... silenciosa... Como um enorme oceano.
A inteligência é nauseante...atira-nos para a frente e para trás como um furacão. Envolve-nos no seu interior gelado, arrepia-nos e imobiliza-nos no terror. O terror de ter os olhos bem abertos e não conseguir fecha-los. O terror de não conseguir esquecer, de não conseguir ignorar.
Ah...a ignorância... é tão carinhosa... como uma brisa no pico do verão...envolve-nos de forma ternurenta, deita-nos numa cama de rede e embala-nos ao som de uma canção familiar. É quente...
A inteligência não é quente. É angulosa. Rígida. E magoa...
Por isso sim...
Queria ser ela.
Queria mesmo.
Porque ela não sabe.
Eu sei. Tudo. Até o que não queria saber.
Mas aí está... a inteligência grita aos nossos ouvidos...mesmo que não queiramos ouvir. E eu não queria ouvir. Não queria saber. Queria achar o que ela acha. Queria pintar o meu próprio cenário em ti. Queria reinventar-te.
Sim. Queria ser ela.
Queria mesmo.
Achar que conseguia mudar-te. Fazer-te acreditar que não tem de ser assim.  Que não fazes de propósito. Que é uma fase. Ignorar os sinais. Acreditar. Ou acreditar que acredito.
Sim. Queria.
Queria mesmo.
Mas não dá para esquecer. Não dá para acreditar. Não dá para fingir acreditar que acredito.
Não dá...
Sou como o algodão...não engano...
Oh mas se pudesse...
Sim...
Queria ser ela...
Queria mesmo...
Porque ela não sabe...
Ela não te conhece como eu.

Sem comentários:

Enviar um comentário