terça-feira, 31 de março de 2009

O peso do mundo

- Abri os olhos como se o movimento me liberta-se. Acho que precisamos dessas pequenas sensações para apreciarmos o que é estar vivo...
- Como se a liberta-se? Sente-se presa?
- Sempre me descrevi como livre, não gostava de me começar a contradizer agora...
- Até que ponto se sente livre?
- Vai dependendo dos dias e das pessoas. Há alguns em que me sinto pairar, como se todos os problemas fossem plumas e as respostas estivessem à minha espera, nesses dias não há limite para me sentir livre.
- E nos outros?
-...nos outros...
(mexe no cabelo e olha através da janela)
- Nos outros sou a armadura que toda a gente é, os gestos são mecanizados, não posso dizer que é uma prisão mas também não sou livre é como se estivesse programada para fazer o que tenho a fazer. Os problemas também pesam mais nesses dias.
- Sente o peso do mundo nas suas costas?
- O mundo é leve, nós tornamo-lo pesado...
- Quer-se explicar?
- Não...

segunda-feira, 30 de março de 2009

É parte de mim


- Vi-o do outro lado do vidro, incrivelmente imponente em toda a tua graça como se já não fosse por si só uma tentação. Como se soubesse que me prendia o olhar sempre que passava por ali, como se não soubesse que entrava naquele lugar só para o ver. Se sabia, fingia não dar por isso. Nunca gostei tanto do som de um piano como naqueles momentos, nunca apreciei tanto uma guitarra, nunca percebi como combinavam tão bem...

- Porque só falas dele agora? Quem é?

- Pergunta errada. Não é um quem é um o quê, mas entendo a confusão. Talvez se confunda com desejo, talvez com amor, talvez com prazer. Talvez até seja um pouco de tudo, gostava de ter descoberto tudo isso...

- Pareces apaixonada...

- Não é dificil perceber isso.

- É parte do teu passado?

- É parte do meu presente...