quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Planos


Sou obsecada por eles. Por planos.
Tenho o A e o B. Tenho o C só para previnir se ambos falharem.
Tenho o D porque pode vir a dar muito jeito.
E o E porque é bom se tudo até ali falhar. Falhar...requer um plano F porque o E não é infalível.
Mas no meio de todos esses planos que prevêm todas as possíveis falhas e os possíveis sucessos, no meio do entrelaçar de todos esses fios arrepiantes que parecem não ter fim, apareceu o Plano G.
Um plano que não era um plano. Que nunca foi um plano...
...era a unica coisa em que eu conseguia pensar...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A carta

Gostava de te ter dito que és uma merda.
No fundo é isso.

Quero-te...

Por alguma razão achas que é tudo mais fácil se simplesmente voltar ao que era... Só que não te lembras que na altura...não era nada fácil.
Quando olhas para trás agora sentes um arrepio...e sentes saudades de coisas que odiaste só porque te impedem de as voltares a viver. É como se o passado ganhasse um estranho domínio sobre ti...e o teu corpo ficasse mais leve e fosse de facto reconfortante a ideia de ficar ali a viver tudo de novo...as coisas boas e as más...tudo de novo mas tudo da mesma forma, com a mesma intensidade...
Por isso sim, quando me deparei de novo com o edifício que retirou tanto de mim...e olhei de novo a sua fachada gasta e os seus portões pesados...tive saudades.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Perspectivas

Ela olhou para mim desconfiada quando lhe disse que não tinha com que se preocupar. Suspirou e deixou-se caiu na minha cama como se de repente todos os membros do seu corpo tivessem cedido à todas as forças da gravidade.
- Não entendo...
- É simples tu..
-Não. Isso eu entendo. O que eu não entendo é como é que tu simplificas as coisas. Como é que te recusas a ver as coisas por um lado negativo? Como é que consegues ver sempre uma coisa boa na pior das situações?
- Fácil. O que é que adianta ver as coisas pelo lado negativo? O lado negativo...é uma merda. A única coisa que ele faz é dar-te uma prespectiva. Nem sequer é uma realidade. Porque a realidade é uma junção de factos. Todos os factos podem ser observados de duas perspectivas, então porque é que eu tenho de escolher a pior? É a mesma coisa que te mandarem escolher entre comeres um bombom ou comeres um pedaço de vidro, é obvio que escolhes o bombom.
- Pois...
- Então...porque é que continuas a pegar no pedaço de vidro?
- É incrivel como tu não fazendo sentido nenhum...fazes todo o sentido.
Encolhi os ombros.
Sim...é certo que há lado negativos. Em 1000 coisas que correm mal, há 1 que corre bem. Mas as 1000 coisas que correm mal tornam-nos predispostos para aceitar essa 1 que correu bem com o dobro da felicidade e fazem-nos dar-lhe valor.
Não podemos ser feitos apenas de uma perspectiva. Porque isso tornar-nos-ia lineares, o que nós também não somos.
Então...pesa os dois lados, e tira partido das situações. No final do dia...aceita com agrado o bombom e deixa o pedaço de vidro no ecoponto...porque até os pedaços de vidro podem ter lados positivos ;)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Nunca soubeste

Dizes que não queres tentar porque tens medo.
Dizes que não queres tentar porque dói.
Dizes que não queres tentar porque calculas.
Dizes que não queres tentar porque ouviste dizer que não vale a pena.
Dizes que não queres tentar porque tiveste más experiências.
Dizes que não queres tentar porque sentes que não vai dar.
Dizes que não queres tentar porque hoje a nossa música não deu na rádio.
Dizes que não queres tentar porque tens um feeling.
Dizes que não queres tentar porque tens um pressentimento.
Dizes que não queres tentar porque dá o jogo da selecção.
Dizes que não queres tentar porque te dói a barriga.
Dizes que não queres tentar e dás mais 20 desculpas...
Mas no fundo não sabes o que é tentar...
Nunca soubeste...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

roller coaster


A vida é um loop...
Então como é que uma palavra faz todo o mundo parar de girar?
A vida é um loop...
É por isso que a minha cabeça dói?
Sinto-me dormente...
A vida é um loop...
Desce...Sobe...Cabeça para baixo...Estômago às Voltas...Respira...
A vida é um loop...
Suores Frios...Balançar...Dor nas Costas...Empurrão contra a cadeira...
A vida é um loop...
Pára...Arranca...Desce...Deixa-te ir...Cai...Sobe...Expira...Inspira...
A vida é um loop...
Nublado...Cores...Escuro...Desce...Sobe...Estômago...Música...
A vida é um loop...
Amo-te.
Parou. Respiro fundo...

sábado, 27 de agosto de 2011

Cento e Quarenta e Seis

Eça de Queirós dizia: "A distância actua sobre a emoção exactamente como actua sobre o som (...) É sempre em ambas o idêntico e tão racional princípio das ondulações, que vão decrescendo à medida que se afastam do seu centro, até que docemente se imobilizam e morrem: se elas traziam um som que vinha vibrando - o som cala quando elas param"

E se não for bem assim?
E se existir uma emoção que torna um pequeno som de uma nota numa sinfonia que invade todos os nossos sentidos?
E se a distância não diminuir a intensidade do som mas for, isso sim, capaz de a aumentar a níveis inatingíveis?
E se a distância for apenas um número?



E se...

Fazes-me falta.

Andaria. Cento e Quarenta e Seis.


Para ti.

Lisboa

Habituei-me a achar que o ruído dos carros a alta velocidade era música...
Habituei-me a achar curta a viagem de 45 minutos para o centro...
Habituei-me a abraça-los como se os fosse ver todos os dias...
Habituei-me a dormir no quarto de 20.000 pessoas diferentes...
Habituei-me a não achar estranho dizer "caminhe até ao marquês de pombal"...
Habituei-me a perder o metro...
A beber café no starkbucks...
A passear no bairro alto...
A dar direcções aos turistas...
A dançar no meio da rua...
A cantar no meio do Mac...
A tirar 1001 fotografias de tudo e de coisa nenhuma...
A ter saudades antes de partir...
A ter de andar 2 km para poder chegar à pousada...
A não ter medo...
Mas pior...
Habituei-me a ti.

Lisboa...Lisboa é amor aos pedacinhos...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Reencontros

O céu negro pairava assustadoramente sobre a minha cabeça ameaçando um temporal como há muito não se via...
O vento gelava-me os dedos que lentamente perdiam a capacidade de se mexer com a delicadeza e sensibilidade que lhes eram características. Os meus cabelos serpenteavam suspensos e chicoteavam os meus ombros protegidos pelo fiel casaco de malha preto.
Ninguém diria que era verão olhando para aquele céu.
Mas não importava...na realidade nada importava porque aguardava por este momento há muito tempo.
Os reencontros começam sempre assim.
Alguém espera alguém. Depois correm uma para a outra sem se importarem com mais nada.
E durante horas as palavras saem dos nossos lábios como rios impossibilitados de correr há muito tempo, e quando damos conta... silêncio.
Deixamo-nos cair no banco de jardim (no mesmo de sempre) e respiramos.
"Como é que conseguimos dar uma reviravolta à nossa vida em apenas 336 horas?"
E a resposta não vem como por magia, como acontece nos filmes, nem há um gigantesco sinal luminoso a dar-nos indicações sobre o que devemos fazer...
Por isso deixamo-nos ficar ali...com o tempo a passar...
Porque às vezes a vida resume-se a isto:
Eu, tu e um banco de jardim...