
Todas as tuas esperanças acabam protagonizadas num banco de pedra vazio. Desces a rua e o vento acaricia-te os cabelos, nestes momentos pensas como tudo está em perfeita sintonia, como parece uma cena de um filme. Pensas ainda que ao virar da esquina ele vai lá estar, de rosa na mão (característica opcional), à tua espera. Sempre à tua espera.
Mas ao dobrares a esquina os teus olhos alcançam apenas o vazio da rua e pensas como a tua vida não é um filme, como nada está à tua espera a não ser o senhor do condomínio a queixar-se de que não fechaste a porta quando saíste de manhã.
Então entras em casa na esperança de que alguém te tenha deixado uma mensagem no atendedor de chamadas, mas ninguém o fez a não ser o senhor do condomínio a lembrar-te para não te esqueceres de fechar a porta quando saíres de manhã.
Deixas-te cair na cama num último suspiro e olhas para o janela, ainda aberta, a pensar como quando eras nova sonhavas mudar o mundo, mas isso não aconteceu, porque a tua vida não é um filme.
E quando finalmente te levantas, com os olhos húmidos mesmo prontos a rebentar num diluvio porque o dia tinha corrido mal, a campainha toca e o teu coração entra numa corrida acelerada consigo mesmo.
Corres para a porta, escorregando no tapete do hall de entrada, e abres a porta com um tremendo sorriso. Este, que é tão cheio de esperança, em milésimas de segundo acaba por se desvanecer. Aparentemente o príncipe encantado não sabe a tua morada, mas o senhor do condomínio sabe e veio dizer-te para que não te esqueças de fechar a porta sempre que abandonas o edifício porque é um pequeno gesto para o bem de todos.
Respondes com educação mas ardes por dentro. Quando fechas a porta deixas-te escorregar na parede até estares sentada no chão. Não existe nenhum tipo de collants e espada brilhante, ou se existe provavelmente deixou-se enganar pelo bruxa do segundo esquerdo.
Arrastas-te para o sofá com a única coisa que ainda está dentro do prazo – um iogurte – no teu frigorífico e ligas a televisão na esperança de que o dia ainda possa melhorar. Consegues apanhar um filme qualquer em horário nobre e sabes a tortura que é ver a vida dos outros a correr bem mas este sentimento masoquista aquece-te a alma por segundos e pensas mesmo que talvez – talvez! – o tipo de collants tenha ficado preso no elevador e te vá tocar à campainha brevemente.
Mas o filme acaba – acaba sempre! – e és obrigada a enfrentar de novo a realidade. Não adianta pores o novo DVD que compraste, não adianta iludires-te com outra história de encantar com um final feliz. E o teu estado deprimente atinge o auge quando te deitas no sofá como quem perde todas as forças e ficas a ver o Discovery Channel sobre as novas abelhas assassinas. Dás por ti a rezar que as suas pequenas asas consigam aguentar a viagem de África até ao teu apartamento para pôr fim ao teu sofrimento. E depois levantas-te tentando afastar o pensamento suicida da tua pobre cabeça. Pensas na estupidez que estás a fazer e para acabar – ou adiar – estes pensamentos idiotas resolves ir deitar-te. Convences-te que é do cansaço e amanhã tudo parecerá melhor.
Mas a manhã nasce e o despertador acorda-te com o seu som irritante e tu imploras que o relógio ande para trás, mas ele recusa-se. São muito snobes estes relógios hoje em dia!
Quando estás pronta para levantares âncora para mais um dia duro de trabalhos em cima de trabalhos há uma folha cuidadosamente dobrada debaixo da porta. Os teus olhos não acreditam no que vêm...baixas-te e pegas nela...quando a abres...
Não se esqueça de fechar a porta! É para segurança de todos!
O presidente do Condomínio
Acabas por amachucar a folha e deita-la por cima do ombro, fechas a porta atrás de ti com força. Não há noites de sono que nos valham nestes casos!
Desces as escadas, possuida pela raiva porque o elevador deixou de funcionar e caminhas até ao carro com a cabeça a ferver.
E de repente...
“ A PORTA!”
corres desenfreadamente para trás só para não teres de ouvir mais um comentário sarcástico por cima de um dia infernal.
Colocas a mão no puxador e olhas para cima.
- Uau...
Mas ao dobrares a esquina os teus olhos alcançam apenas o vazio da rua e pensas como a tua vida não é um filme, como nada está à tua espera a não ser o senhor do condomínio a queixar-se de que não fechaste a porta quando saíste de manhã.
Então entras em casa na esperança de que alguém te tenha deixado uma mensagem no atendedor de chamadas, mas ninguém o fez a não ser o senhor do condomínio a lembrar-te para não te esqueceres de fechar a porta quando saíres de manhã.
Deixas-te cair na cama num último suspiro e olhas para o janela, ainda aberta, a pensar como quando eras nova sonhavas mudar o mundo, mas isso não aconteceu, porque a tua vida não é um filme.
E quando finalmente te levantas, com os olhos húmidos mesmo prontos a rebentar num diluvio porque o dia tinha corrido mal, a campainha toca e o teu coração entra numa corrida acelerada consigo mesmo.
Corres para a porta, escorregando no tapete do hall de entrada, e abres a porta com um tremendo sorriso. Este, que é tão cheio de esperança, em milésimas de segundo acaba por se desvanecer. Aparentemente o príncipe encantado não sabe a tua morada, mas o senhor do condomínio sabe e veio dizer-te para que não te esqueças de fechar a porta sempre que abandonas o edifício porque é um pequeno gesto para o bem de todos.
Respondes com educação mas ardes por dentro. Quando fechas a porta deixas-te escorregar na parede até estares sentada no chão. Não existe nenhum tipo de collants e espada brilhante, ou se existe provavelmente deixou-se enganar pelo bruxa do segundo esquerdo.
Arrastas-te para o sofá com a única coisa que ainda está dentro do prazo – um iogurte – no teu frigorífico e ligas a televisão na esperança de que o dia ainda possa melhorar. Consegues apanhar um filme qualquer em horário nobre e sabes a tortura que é ver a vida dos outros a correr bem mas este sentimento masoquista aquece-te a alma por segundos e pensas mesmo que talvez – talvez! – o tipo de collants tenha ficado preso no elevador e te vá tocar à campainha brevemente.
Mas o filme acaba – acaba sempre! – e és obrigada a enfrentar de novo a realidade. Não adianta pores o novo DVD que compraste, não adianta iludires-te com outra história de encantar com um final feliz. E o teu estado deprimente atinge o auge quando te deitas no sofá como quem perde todas as forças e ficas a ver o Discovery Channel sobre as novas abelhas assassinas. Dás por ti a rezar que as suas pequenas asas consigam aguentar a viagem de África até ao teu apartamento para pôr fim ao teu sofrimento. E depois levantas-te tentando afastar o pensamento suicida da tua pobre cabeça. Pensas na estupidez que estás a fazer e para acabar – ou adiar – estes pensamentos idiotas resolves ir deitar-te. Convences-te que é do cansaço e amanhã tudo parecerá melhor.
Mas a manhã nasce e o despertador acorda-te com o seu som irritante e tu imploras que o relógio ande para trás, mas ele recusa-se. São muito snobes estes relógios hoje em dia!
Quando estás pronta para levantares âncora para mais um dia duro de trabalhos em cima de trabalhos há uma folha cuidadosamente dobrada debaixo da porta. Os teus olhos não acreditam no que vêm...baixas-te e pegas nela...quando a abres...
Não se esqueça de fechar a porta! É para segurança de todos!
O presidente do Condomínio
Acabas por amachucar a folha e deita-la por cima do ombro, fechas a porta atrás de ti com força. Não há noites de sono que nos valham nestes casos!
Desces as escadas, possuida pela raiva porque o elevador deixou de funcionar e caminhas até ao carro com a cabeça a ferver.
E de repente...
“ A PORTA!”
corres desenfreadamente para trás só para não teres de ouvir mais um comentário sarcástico por cima de um dia infernal.
Colocas a mão no puxador e olhas para cima.
- Uau...
O tipo de collants encontrara o caminho para casa...