sábado, 4 de abril de 2009


Atirei mais uma vez a folha por cima do meu ombro, já não podia perspectivar as coisas de uma maneira diferente, já não havia outros pontos de vista! Olhei em volta e toda a sala parecida dominada por pequenas bolas de papel de tonalidades diferentes. “Os ambientalistas não vão gostar nada disto” pensei para comigo em jeito de piada seca para ver se me animava, isto antes de perceber que não tinha piada nenhuma. Mesmo assim, consegui arrancar um sorriso dos meus lábios. Olhei para a minha fiel companheira de quatro patas aninhada junto da minha secretária, de olhos brilhantes repletos de compreensão. Respirei fundo e deixei-me cair na cadeira de lona onde estivera toda a tarde a tentar escrever algo que não sabia muito bem como começar. O relógio atrás de mim não parava de balançar os seus ponteiros, sempre na mesma direcção avisando-me de que o tempo não iria voltar atrás, nem sequer por um segundo para me dar tempo para pôr as ideias em ordem. Completamente convicta de que a inspiração não iria voltar nas próximas horas - talvez dias! – levantei-me e abri a janela, de par em par, como se um raio de sol que fosse me deixasse sentir melhor comigo mesma. Afinal, o trabalho poderia esperar.
Cá fora, as crianças do bairro tinham-se juntado na praça para aproveitarem as férias, o sol e as horas livres, cada vez mais escassas. “Tenho saudades de ser assim” pensei alto, olhando depois em volta para garantir que nenhum ser me tinha escutado. O bonito dia que se desenrolava em frente dos meus olhos fez-me sentir pena de não poder sair para a rua, correr e deixar tudo para trás, nem que fosse por um só dia.
Olhei em volta e depois através da janela de novo.

Nem que fosse por um só dia...

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